terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Adeus!


Toda aquela excentricidade enrustida e escondida.
As duas mãos atadas, decepadas e guardadas.
Os lábios murchos.
O sopro seco, frágil, morto.

Som esquecido.

O tempo passou demasiadamente para nós.
A criatividade que você tanto tentou enterrar!
Cavou, cavou e... se afundou.

Ora!
Adeus!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Moto-Contínuo















Moto-contínuo: Andar de bicicleta fumando.
A abstinência pode levar à loucura se você não está inicialmente preparado para ela.
Eu facilmente diria, em crise de abstinência, que cigarros são melhores do que sexo.
Sexo existe aos montes. Sexo ruim existe ainda mais. Cigarros suprem sempre. Sexo pode irritar.
Tudo pode ser motivo para um cigarro, mesmo que para muitos seja diferente: sexo é um motivo em tudo.
Sexo pode ser casual. Cigarros sempre vem ao caso.
Sexo até mesmo casual exige um cigarro depois. Cigarros exigem apenas fogo.
Em abstinência sexual, existe o amor próprio. Em abstinência por cigarros, existe a loucura.
Então tenhamos cigarros e o sexo que não me incomode.
Porque sem cigarros sou facilmente irritável.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A questão das balas de Goma





















Toda aquela questão das balas de goma a deixava perplexa.
O açúcar havia se concentrado em seu sangue e ela sentia uma leve diabetes madrugueira.
Ou como preferia falar, sentia-se levemente atordoada.
Talvez fosse álcool e não açúcar. Talvez apenas.
Mas seus passos já não eram mais tão formais. Pelo contrário. Seu corpo se movia agora de modo a seguir um leve balançar malandro e abobalhado.
Tudo se encaixava, porém, no mesmo ritmo de todos alí. Ninguém se passava de mais besta que o outro. As visões já trocadas, as decepções soltas nas pistas, as frases inúteis, os cabelos levemente melados de coquetéis baratos e as aparências impecáveis sobre as alvas peles da falsa elite cultural.
Mera diabetes madrugueira.
E vão latas e canudos e gelos e bitucas. Beijos e baba. E os banheiros agora já são insanos e a rua se lota com fumantes proibidos do in-door-party. Fumantes roucos em busca de ainda mais cigarros.
Mesmo que aparentemente não exista mais espaço para mais balburdia, sempre encontraremos.
E as horas se seguem. E prolongam a tal diabetes.
Amanhã conhecida por ressaca.

domingo, 15 de novembro de 2009




Só preciso de um pouco mais de calma
E menos ansiedade.


Quanto ao jeito apaixonado impulsivo...
tenho que dar mais valor para ele.

terça-feira, 3 de novembro de 2009


Somos Solitários.

Nossos pensamentos tão instáveis...
Pessoas em nossas cabeças.

Somos Jovens.

Nossos impulsos tão incontroláveis...
Presos em nossas vontades.

Somos Velhos.

Nossos medos tão enrustidos
Presos em nossas incertezas.

Somos Egoístas.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Hipócritas



Para quem prefere Chico Buarque à pornografia.
Para quem rejeita o mingau e bebe leite.
Virgens.

Para quem beija as flores e se corta em espinhos.
Para quem planta uma semente pura e rega discórdia.
Nefelibatas.

Para quem suga energia da terra e reza aos inexistentes.
Para quem sangra pecado e sorri ironia.
Celibatários.

Para quem prefere verde à vermelho.
Para quem rejeita vinho e bebe miséria.
Nacionalistas.

Para quem se masturba sem amor próprio
E faz sexo só por fazer.
Hipócritas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saudade



"Bolha de sabão é que nem silêncio:
a gente pode dizer que não existe.
É uma das coisas mais bonitas do mundo:
Colorida de todas as cores do arco-íris,
toda redonda, voando livre,
leve e alto. (...)
A vida da gente pode ser uma bolha de sabão (...)
se a gente aprende a ser colorido,
a voar livre, leve e alto
até explodir bonito,
sem muito barulho,
deixando no ar uma gotinha de saudade"

Uma gotinha de saudade...
Ficou pingando e pingando dentro de mim...
Fui me enchendo e enchendo de saudade,
Me envenenando por dentro com confusão e dúvida.

Foi uma grande bolha.
Foi uma leve bolha.
E foi tão bonita!
Voou tão alto para mim...
Cheia de cor e encanto.

Uma gotinha de saudade...
Saiu de mim a cada vez que eu dei carinho à alguém...
E esse alguém não foi você para receber uma vez mais.
Para eu dizer sim uma vez mais.

Foi uma grande bolha.
Foi uma leve bolha.
E foi tão intocável!
Voou tão longe de mim...
Cheia de lamentações e vontades.

Uma gotinha de saudade...
Guardada como pingente,
bem perto do coração,
desde o momento limiar,
em que nossa bolha estourou...


terça-feira, 13 de outubro de 2009




Você é um inseto.
Percursos com cheiro de açucar.
Caminhões.
Raul à pedidos.
Eles não sentem calor ou frio,
Fome ou dor.
Ruas com cheiro de querosene.
Os grilos sentem frio.
Mendigue.
Moedas sujas. Suadas.
Tênis alvo.
As vibrações do ônibus me fazem
entrar em decomposição acelerada.
Dor na cabeça.
Dor no peito.
Calor interno.
Sufocante.
Poças d'agua gigantes como lagos.
Dias infinitos de chuva.
Chuva infinita.
Seu humor vítreo ainda me traz algum calor.
Sol.
Naftalina.
Definhamos com o frio.

você!


Você!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009


O dia hoje parece mais calmo.
Há muito que não escrevo.
O açúcar na borda da xícara estalou entre meus dentes.
O amargo do café me fez franzir os lábios.

O dia hoje parece mais calmo.
Mas minha mente é a mesma que ontem.
Confusa e amarga.
Rangendo por falta de explicações.

Há muito que eu não sentia.
E por muito ainda guardarei meus sentimentos.
Até que eles se acabem como num gole.
E o dia pareça agitado normalmente.
"O amor

É o espaço
E o tempo

Sensíveis

Ao Coração "

Proust.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Fronhas Sufocantes

























Fronhas sufocantes. Cheiro humano.
Humano demais.
Algodão.
Canto das colheitas.
dança da chuva.
Canto da parede.
fios, fiação, tecelões, algodão.
Lenço, Saudades, Lágrima, Suor.
lençol, fronha, eu e você.
Fronhas sufocantes, Cheiro humano.
Humano demais para mim.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Noise.

Toante.
Nota fixa.

Sí maior, não sei bem ao certo.
Distorção do cubo.
Improvisos chocantes,
Perto do que soa como apenas zumbido.
Ranger dos seus dentes.
Seu sono.
Sons musicais enquanto dorme.
Seus sonhos.
Imaginável.
Vontade de conhecer essa mente.
Chocante a sua fala.
Impressionante a sua intervenção.
Arte transbordável de você.
Escorreu por mim.
Me faz transmitir.
Vontade.
Idéia.
Paixão?
E você sabe que é para você...

domingo, 23 de agosto de 2009

Barulho

Escrevi no caderno só para não oerder a tradição. mas escrevi à caneta.
Desta vez não poderei apagar.
Eu bebi. Não sei que dia é hoje. Considero dia vinte.
Não sei o que escrevo. Não sei quem sou.
Hoje eu sou feita de sensações.
Estalos orais. Palavras. Barulho.
Lugares repletos de pessoas, seres irritantes que tem que berrar.
Barulho. Pré-adolescentes que bebem com os pais.
Crianças que não sabem brincar.
Outras pessoas. Serão outras pessoas.
Você quis que eu fosse embora. Serei eu mesma.
Não estarei com ninguém. Estarei sempre com alguem.
Novas pessoas,
Eu estava dançando.
Conheci ela lavando louça, com uma sobra de chocolate ao lado esquerdo de sua boca.
Outros beijos.
Beijos que me lembram banho. Peles molhadas.
Seu cabelo contornando seus contornos.
Beijos que me lembram sua cama. Seu cheiro.
Você procurando outro cheiros em mim para ficar mal.
Auto-punição.
Finge estar bem.
Me lembro do gramado ao ver estrelas. Como quis aquelas estrelas. como quis você.
Eu queria que você quisesse quando eu quis.
Eu odeio esse desencontro. Serão novos beijos.
Barulho.
Beijos que lembram capim ao despertar.
Ao som de alguma banda inglesa. Tomar café e fumar seu cigarro. E lembrar dos olhos por detrás dos óculos alaranjados.
Beijos que me lembram brisa e maresia. Praias silenciosas e cigarros intoxicantes.
Sexo e suor. Dor e pena. Ódio pelo amor.
Beijos que me lembrarão chuva. Me lembrarão como quando o céu despenca o mundo é nosso. E fomos três juntos. Beijos que foram lindos. Pingamos liberdade.
Ruas que falam lembranças.
Aquelas pessoas que nunca mais vi e que não sei mais quem são.
Odeio. não quero noticias. Não quero presença.
Barulho. Vou preferir o silencio.
É um grande Nada.
Esse tudo é o grande Nada.
Homens que me deixam com tremenda raiva.
Que eu queria que me amassem. Queria que meu pai me conhecesse.
Que fosse mais sincero.
Sinceridade.
Como dói até para mim minha sinceridade.
Amo muitos deles.
Expresso isso.
Posso me expressar. Me expressar para qualquer um,
dizer diretamente o que sinto. O que penso.
Mas duvido que alguém me diga. Queria ouvir. Sempre quis.
Queria alguem me perseguir por bem.
Beijos imaginários. Beijos sonhados.
Serão outros beijos.
Barulho. Urbano. Longe. Irreal.
Raiva.
Tem a preguiça. Preguiça dessa sua cara linda, desse olhar vazio.
Preguiça da sua fama irresistível e do seu beijo rejeitado.
Preguiça de perseguir você e seus cabelos em destaque.
As ruas não levam a lugar algum.
Preguiça dessa sua virgindade, dessa sua grosseria.
Preguiça da sua gravidez.
Preguiça do seu olhar em tantos mil.
Desse seu carinho vazio.
Raiva desse meu jeito de correr atrpas.
Mania de sofrer. Jeito de me esconder.
Tenho implicancia, tenho ciumes.
Beijos arrepiantes.
Serão novos beijos. Uns vou odiar.
Em outros vou Vadiar.
Teremos sensações.
Morderei sua pele marcada.
Amarei suas cicatrizes.
Tocarei sua tatuagem.
Me beije. Me chame de inútil.
Barulho. fo-da-se.
Você, ela, ela, eles, nós, eu.
FO-DA-SE.
eu não ligo.
E no fim ligo mais que qualquer outra pessoa.
E tenho vontade de quebrar tudo nas paredes.
Mas sobra o silêncio em nome do controle.
Barulho. Barulho mental.
Eu AMO você! AMO!
Vejo poesia no reflexo dos seus olhos,
vejo amor circular na minhas veias.
Largaria tudo por você!
Espontaneidade!
E o que é para mim?
Quando eu me achava livre e não soubedizer o que é a liberde!
Pessoas bebendo água. Que bebam alcool e se percam!
Alcool na mãos e nos balcões.
As doenças se pegam pela boca.
Por beijos inúteis, por beijos bons. Por outros beijos.
Palavras vazias, indescritíveis.
Pessoas tão vazias. Pessoas tão únicas, Irreproduzíveis.
Nossos pensamentos.
Seu jeito só você saberá.
Somos intransmissíveis. Mas somos doença.
Somos insensíveis.
Estalos orais.
Palavras.
Barulho.

Por Fim Tudo Será Bom

A madrugada me chama, quente
e súbita. Me coloco a pensar.
Foi instantâneo, foi tonante... Pensar
em você.
Você, que tem sido o eco dos meus
pensamentos por muito tempo,
por quem guardo sentimentos bem
no fundo do meu ser.
Gosto de proibido, gosto de errado,
gosto de carinho... Teu gosto bom.
Senti sua energia há muito atrás
e em primeiro contato apenas
brinquei com seu cabelo.
Me envolvi apenas depois.
Admiti gostar de você
Só que levou tempo. Eu tinha
um certo ódio por estar tão do lado oposto.
Agora acho que foi bom.
Minha cabeça era uma,
agora é outra.

Você me disse uma vez que todas
as mudanças não seriam feitas
de várias histórias, seriam
parágrafos novos.
E assim eu fui montando
a nossa folha.
Uma folha sempre escondida
no meio das outras.
Mas acho que sempre souberam.
Sempre foi óbvio.
Eu só não quero ferir, fazer errado.
Espero não fazer...
Eu espero o tempo passar novamente.
Pela nossa paz, por nós dois, por
nosso amor.
Continuo guardando tudo aqui
comigo, devagar e com carinho,
e sem arrependimento algum
de hora alguma.
Eu te disse uma vez que tudo isso
é como é para ser. Acredito nisso.
E se for, será.
Não preciso forçar nada nem
pensar agoniada, acho que
eu me encaminho até você.

Fugimos às vezes. Juntos ou
um do outro. Mas seu olhar
ainda fala a verdade ao cruzar
com o meu.
Sua energia!
De outro jeito talvez não fosse
tão bom.
"Romance só existe em paixões
que nunca se concretizam".
Eu ainda quero que aconteça;
Só não agora.
Por hoje sorrio ao trocar
momentos sempre bons, pensando
em você e não me perdendo.
Só tenho que controlar meus impulsos
de te roubar toda a vez!
Por fim tudo será apenas... bom!

******

LXXVIII

Pablo Neruda em Cem Sonetos de Amor

Não tenho nunca mais, não tenho sempre. Na areia
a votória dixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto a amar seus semelhantes.
Não sei quem és. Te amo. Não dou, não vendo espinhos.

Alguém saberá talvez que não teci coroas
sangrentas, que combati o engano,
e que em verdade enchi a preamar de minha alma.
Eu paguei a vileza com pombas.

Eu não tenho jamais porque distinto
fui, sou, serei. E em nome
de meu mutante amor proclamo a purza.

A morte é só pedra do esquecimento.
Te amo, beijo tua boca em alegria.
Tragamos lenha. Faremos fogo na montanha.

sábado, 9 de maio de 2009

Descalço



O homem desaprendeu a andar descalço.
Se prendeu a seus calçados,
Se perdeu em seus passos
pela vida de caminhos incertos.

O homem se caracteriza por seus calçados.
Se entrega por seu jeito de andar,
Se perde ao andar descalço,

por sentir o mundo frio e real
do qual tenta se isolar.

sábado, 2 de maio de 2009

A Estufa

Foi no ano de 68 em que eu reparei pela primeira vez naquela estufa. Era de uma grande casa de uma das poucas famílias ricas da cidade. Gigantesca, majestosa, bem cuidada.
Nossa casa era acima desta na rua. Meu passatempo: observar.
A dona mantinha as mais raras espécies de plantas; mantinha os serviçais a limpar e lustrar os vidros; mantinha o dia da semana - quinta feira - para o chá.
Nestes dias, as mesas adornadas em ferro pesado eram decoradas com toalhas bem bordadas e comidas requintadas. As senhoras em seus trajes exuberantes - plumas, sedas, peles, pérolas, pedras - ocupavam as cadeiras por inteiro. Gesticulavam nervosamente suas mãos de unhas arredondadas e luvas aveludadas, mexiam compulsivamente seus chapéus coloridos: uma dança de salão.
O marido da dona volta e meia conseguia se exibir mostrando uma novidade. Fosse um bicho preguiça para as altas árvores, fosse uma coleção de borboletas vivas, ou contando sobre uma nova viagem exótica planejada.
A casa tinha outras peculiaridades como os cachorros europeus no jardim de fora ou o grande carro que eles usavam, que me lembrava uma banheira marrom. Também a grande movimentação no decorrer dos dias era sempre fantástica. O leiteiro e a entrega de pães todas as manhãs. Os empregados a preparar grandes almoços e a arrumar os quartos. No andar de cima as janelas à exporem as cortinas floridas ao sol, a exibirem a luz dos abajures à noite.
Em épocas de festas o carteiro trazia sempre embrulhos e cartas. Visitas nunca paravam.
Mas a cidade tampouco parou. O tempo passou muito rápido. Tudo mudou. Eu observei aquela casa por mais de vinte anos.
Um dia eu me mudei para a região central. E minha antiga rua da infância se tornou um lugar longe de tudo. Tive três apartamentos diferentes. treze namoros diferentes - sérios. quatro reclamações de vizinhos idosos. Um gato suicida. Um peixe mal humorado. Amigos drogados. Amigos artistas. Amigos artistas que se drogavam. Enfim, muitos amigos. muitas pessoas.
Mudei de gosto várias vezes. Mudei de idéias um bilhão de vezes. Tive um filho. Me separei.
Terminei uma pós graduação. Melhorei na carreira.
Num sábado meu filho esqueceu a mochila comigo. Uma mochila amarela. Não teria motivo para eu mexer na mala dele. O que eu encontrasse poderia complicar tudo. nossa relação nunca fora fácil de qualquer jeito.
Mas aconteceu. o zíper estava entreaberto. Puxei o caderno dele para fora e folheei com carinho. Me senti menor. Me senti a conhecer o mundo novamente... Pouco a pouco a descobrir as coisas.
Poesias, recortes de figuras, colagens de notícias. Anotações, contos, recados, declarações, papel de bala. Desenhos e listas, desde compras à melhores leituras. E no meio deste mundo da cabeça do menino, parei numa página em especial. No cabeçalho apenas dizia: A Estufa.
Hoje eu saí sozinho... Quis esvaziar a cabeça. Não entendo bem o que passa comigo para ser assim irritado. Mas me disseram que seria bom se eu escrevesse aqui, assim minhas idéias se formam melhor, eu consigo organizar tudo de uma vez. Me acalmar.
Mas meu objetivo hoje não era escrever. Queria saber aonde era a casa do Vô Anísio. A família toda veio com este assunto a duas semanas atrás quando ele faleceu. E eu fiquei curioso e em meio a minhas loucuras mentais me senti chamado até aqui. Tentado. Tentado é melhor. Sim eu encontrei a casa. Ela virou um bar. É ainda o grande casarão branco de jardim extenso, mas é um bar.
E ao lado tem esse terreno aonde entrei e estou, encostado nos escombros de um muro velho. Não sou vândalo nem nada e falando assim só pareço comprovar minhas loucuras. Apenas me perdi a olhar para uma construção de vidro, uma estufa velha neste terreno. É gigantesca e esta com muitos vidros faltando. O ferro da construção é verde de limo ou laranja de ferrugem. Dentro as plantas dominam selvagens como nunca. Nenhuma chance de saber se há algo ali dentro. Além de tudo os vidros que mostrariam algo estão borrados em musgo e foligem da poluição, com marcas escorridas de chuva.
E lá fora já pregaram uma placa com a data marcada para a demolição e limpeza do terreno. Chuto entre um novo prédio, loja de colchões, farmácia ou concessionária...
E após terminar ler meu coração batia rápido. Foi estranho e inesperado. E me fez ver que eu devia falar mais com meu filho. Contar mais minhas histórias. Falar mais sobre a vida! Nossa relação de família foi como a estufa e o tempo: Glamorosa no início, ainda quando meu filho era pequeno. E agora frágil e esquecida, mesmo que ainda guarde sua essência em lascas...
E tão trabalhoso quanto podar um grande jardim será para eu melhorar as coisas.

Sentir

Pude tê-la levemente em meus braços.
E passei a abraçá-la sentindo como a tempos não sentia por ninguém mais.
As batidas dos corações... Incertos.
Num silêncio nosso apenas as respirações se manifestavam.

O encaixe bom de nossos corpos desconhecidos.
As mãos trilhando caminhos leves.
Meu dedilhar em seus cabelos,
os fios fortes e lisos.
Fios que pareciam até então intocados.

Poder observar calmamente seus detalhes,
olhar com profundidade.
Ter medo sem pensar.
Não querer pensar.

Meu dedilhar em sua face delicada.
A perfeição de sua penugem.
Sentir por você como a tempos não sentia por ninguém.
Um querer cada vez mais forte e decidido.
O medo bom desta incerteza.

(p.S.m)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O futuro nunca chega.
Vivemos ele o tempo todo.

sábado, 4 de abril de 2009

sonho 42

hena, seda e chá
a pata grande
animal cinza
meu grande guia
se pinta em vermelho
me leva
as vezes me arrasta
me destroi sem nunca me matar
me torna forte
ou deixa a desejar
mas seja assim na visão dos outros
para mim
este vermelho
será o dourado
das janelas de um trem rápido
paralelo ao por do sol
e a ultima estação trará a vender
hena
seda
e chá.

terça-feira, 17 de março de 2009

Limões Roubados


Cheguei em casa depois de um dia muito carregado e quente.
Aliás, que dias quentes!
A casa se abriu como um forno ou estufa.
Caminhei devagar para entrar, preguisosa.
Na mesa um recado:
"Fiz chá no liquidificador
Já esta gelado mas os limões estavam muito azedos
Se amanhã você conseguir roubar limões da vizinha eu faço mais chá na quinta
Beijos
Leonice."
E terminou com um desenho de um coração.
E eu gosto destes recados peculiares e engraçados que são deixados para nós aqui em casa.
Gosto de bilhetes no geral. Me deixam animada...
E estes de casa mostram bem o lado que escondemos. Não por ser errado ou desagradável - afinal desde pequena aprendi que temos direitos sobre os verdes limões que pendem para nosso lado do muro - mas por ser particular.
E em cada lugar existirão pequenas coisas assim, ridiculas e ainda assim tão tocantes!
Um simples recado sobre a mesa, que pode contar minha infância...
Minhas tardes no jardim, com os cachorros. Poder não fazer nada e conseguir fazer o 'tudo do dia'. O sol nos cabelos e nada mais a importar.
Eu não alcançava os tais limões, tentava derrubá-los com uma vassoura.
E essa é outra coisa tola e sem sentido talvez. Que todos tem e guardam: momentos.
E só é tolo porque guardamos.
Tão tolo quanto a acidez dos tais limões.
Estão alí, pendurados sempre...
A àrvore dividida por duas famílias. As famílias divididas por um muro.
As histórias não divididas pela vergonha.
Os limões roubados justamente.
E por mais banal que seja a presença deles na fruteira...
Nós aqui em casa temos direito sobre eles. Mas só os do galho deste lado!
E fim da história!

domingo, 8 de março de 2009

Não chore,
pois aqueles com sede de tristeza
escolheram suas lagrimas
para sacear as vontades.

Sobre Você

para meu Akio querido.
Sua vida se faz em poesia,
E sua poesia de viver está na alegria dos que te rodeiam.
Menino dos olhos estreitos, brilhantes e sorridentes.
Menino que faz os que o rodeiam felizes!
Sua poesia me faz feliz.
Amigo, dos olhos mais lindos que ja tive a me observar,
Te amo!




Não deixe de ser quem você sempre foi.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Os homens se alimentam de sonhos e desejos,
E aqueles realizados serão os de maior substância!
Que a alma absorva toda a alegria de um destes sonhos!
E assim, não haverá fome alguma que a carne não suporte passar...
Pois nunca te disse alguém para seguir seu coração?
E seu coração, bate pela carne ou pelos desejos dela?

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

As Janelas Para o Céu

Para Gustavo Bonin

"O Céu é a coisa mais bela que poderemos observar, Pois não importa quanto tempo passe, O homem nunca será dono dele."


Ouvi os jumbidos dos motores dos ônibus e carros. Podia também ouvir as rodas produzirem um som molhado contra o asfalto, mais um dia de chuva!
Eram vinte para as duas da tarde... Que hora para acordar! Me sentei na baira da cama, passei a mão no rosto e olhei a claridade agrádavel de um dia nublado, que entrava pelaos vidors do janelão alto.
Os colegas que dividiam o quarto comigo já estavam trabalhando e eu estava sozinho. Abri a janela e senti o vento entrar, abafado por ser verão. Acendi um cigarro e fiquei a fitar perdidamente o trânsito lá embaixo... Mas meus pensamentos voavam longe em minhas aflições, preocupações, lembranças diversas... alegrias.
Pensei na minha menina de olhos grandes, conhecia pouco dela mas cada sorriso que ela me dava ja contava muito.
Todo este tempo sonhando eu fitava uma poça com a garoa a ondular pingando sobre ela.
Me vesti e segui a rua até o café do estudante, tomei um curto e voltei tocar um poco. Entre todas as coisas da vida nada me alegrava mais que a música! As notas rápidas que eu produzia enchiam o apartamento. Nos tons agudos eu inconscientemente levantava meu ombro esquerdo e fechava os olhos.
O tempo lá fora foi melhorando e o céiu azul foi timidamente se mostrando. Cheguei mais uma vez até a janela. Eu gostava do vidro frio se embassando com minha respiração quente.
Suspirei profundamente e ri para mim mesmo. Quem diria? Eu, mesmo vivo, viveria em um lugar chamado CEU... Eu, consicentemente mostraria minha personalidade através música... Eu perdidamente, todos os dias, deixaria meus sonhos e idéias vazarem por estas janelas...
As janelas para o Céu.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Maquina Fotografica


Carrego a máquina fotográfica.
Carrego ela com o filme, com as pilhas.
Carrego ela com as imagens sobre o meu mundo.
Meu mundo igual ao de todo mundo.
Mas único para mim.
Meu mundo carregado de informações pesadas,
Se torna leve como num click;
Se torna eterno ao ser capturado pelo obturador.
Carrego meu mundo no meu bolso.
E carrego do jeito que eu quero,
Do jeito que eu crio!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

No Jardim Branco



Esta manhã havia gelo no jardim,
muito mais denso que a neve.
Fui la fora, descalça, para ver as plantas mortas e secas,

que não aguentaram o frio intenso.
Meus pés ardiam sobre as pedras gélidas.

O gramado era branco, as árvores eram brancas, o céu nublado era branco.
Me deixei cair sobre aquele gelo
e fiquei a congelar meus pensamentos.
Congelei o momento.

Esta manhã eu quis morrer,
sozinha no jardim branco.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Menino Que Desenhava

Para Thomas Bulle

O menino que desenhava
sentia firme o lápis sobre o papel.

Gostava de pressiona-lo de diferentes maneiras,
sentindo a ponta macia se transformar em traços, sombras, cores.
Sentia o sabor das cores.
E o menino sabia que tudo aquilo nada mais era que ele mesmo!
Seus sentimentos e sua visão de seu mundo: Idealizado nas mais alegres, poéticas e belas cores...
O menino que dresenhava...
Mesmo apóes sua morte continuaria vivo em cada deseho que fez!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Jazz!

Pelo nosso Jazz das quintas-feiras!
















Foto de Julio Rossi, Wonka Bar.

A madeira ressoando

Seu verniz estalando agitado!

Os compassos loucos e embalados de um som que leva as pessoas à loucura!

Com a mente abreta, a alma pronta a viajar em cada nota sem fim,

você sse entrega ao som rapidamente a ponto de esquecer o mundo ao seu redor

A madeira ressoando...


Podemos sentir o suor de quem toca. Podemos ver a alma de cada musico, entregue a nós, como umm presente!

Cada instrumento canta sua voz, expressa seu amor.

A vida não mais importa... Deixe o som te guiar...

Jazz!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Gélida Chuva Em Dezembro

O apagão no velho casarão fez com que todos as velas dos candelabros fossem acesas.
O vento la fora ja uiva por quatro dias, estes, banhados por gélidas chuvas.
Na mesa entalhada todos tomavam suas quentes babidas nas xicaras azuis e brancas. Como um suspiro suave as Chamas das velas balançam e projetam, nos grossos paredões, nossas sombras dançamtes e agitadas, grandes e marcantes.
Imaginei a bela vida de alguém cujo coração seguisse no ritmo e na força de uma chma;

Cuja alma fosse to tamanho de tal sombra grande;
Cujo amor fosse qunte como as xicaras azuis;
Cujas decisões boas fosem fortes como o vento...
E cuja alegria fosse espontanêa como essa gélida chuva em dezembro!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Limbo Para O Ano Novo


Tem quem diga que este conto pode ser psicografado...


Eu morri no Ano Novo. E por mais inusitado que isso pareça, foi o que me contaram...
Eu me sentava naquele banco de pedra, preto gélido, em um corredor humido de paredes musguentas e frias. E calma e bobamente eu esperava. Só não sei o que eu esperava e porque em sã consciencia eu me sueitava a ficar num lugar daqueles. Reparei um velhinho sentado ao meu lado, corcunda e frágil. Ele me olhou, com seu olhar meio prateado com catarata, e me disse em um suspiro: "Nada de batismo...?", soltando uma risada em conformação.
La pelas tantas abre-se uma porta e um homem pegunta, voltando-se a mim: "E você? Qual o motivo?". Mais uma vez eu me perguntei como eu pude agir tão normalmente em uma situação louca daquelas.
"Olha, eu não sei de motivo algum para coisa nenhuma!", respondi. O homem se virou e disse para uma criatura, esta de beleza sem fim: "mais um bebado da noite!".
"bêbado?", pensei, "como assim?". E foi então que fui me lembrar que eu tinha ido em ma festa de Ano Novo em uma grande casa, de um amigo, só com conhecidos. E eu cai na piscina. Quanta estupidez!
A criatura se virou para mim e disse: "morrer é como a dor de cabeça de um dia de ressaca: uma pequena, e até, ignorável parte, de todo o enjôo que você pode sentir!".
Como quem brinca com o próprio azar, este proferido em palavras tão estranhas, perguntei: "Algum remédio?". "Tenho todos que você puder desejar..." respondeu-me a criatura com u sorriso, nem bom, nem mal. E foi assim que eu descobri que estava morto.

Aventura de um Sorriso Simples!

Me encantei
Sem ao menos conhecer...

Mas eu não quero encanto,
Nem paixão,
Nem suspiros!

Quero a aventura de um sorriso simples,
De grande efeito,
Para dividir!

E que leve o tempo que precisar,
E que agente se conheça enquanto este tempo durar...
Para que mais uma vez eu decida:

Não quero encanto,
Nem paixão,
Nem suspiros!

Quero a aventura de um sorriso simples...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O Apartamento Surreal

Para Nina, sua mãe e sua irmã,
que embora discutam as vezes, se amam muito.

Os anjos no teto berram seu silêncio de amor,
e as molduras coloridas nas paredes guardam o que lembramos.
A Madonna azul segura eternamente seu pequeno em pranto.
As rosas dançam com os pássaros.
Espelhos, colheres, cartões, fitas.
O piso de taco e as grandes janelas cantam armonia.
A lareira guarda a alma de um cangaceiro.
As poesias nas paredes,
as cores surreais nas latas brilhantes.
As garrafas sobre o piano ressoam a musica eterna deste apartamento,
eterna como a arte que vive nele.
E se eu soubesse o que é a arte,
saberia dizer o que é a essência que paira aqui dentro,
junto com cada objeto que te observa em silêncio.