quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Invisível

Os olhos dela, grandes em castanho escuro,
reflexo das horas tardes,
observavam atentamente a situação o seu redor.
Comendo sal na mesa da varanda cheia.

Foi primeira vez que a vi, naquele dia chuvoso de férias de verão.
O apartamento amplo, parede brancas e janelas fumê
dando um ar sépia a cena.
Sorria de leve. Não falava...
Mas eu sentia o carinho dela. Não por mim.

E nos vimos algumas vezes, todas as meninas atordoadas.
Risadas bobas e boas!
As vezes seu silencio dizia tudo, mas eu me sentia invisível a seu olhar tão bom.
Algo me chamou e não pude responder.
Não sabia como.
Tiveram também as tardes de sol no gramado quente
conversando sobre assuntos que nem lembro mais.

E em segundos tudo se inverte e a história girou ao meu redor.
O tempo passou...
As ferias acabaram. Depois foi-se o verão, você foi junto.
Minha mente se complicou e mudou mil vezes.
Me apaixonei por tantas coisas e conheci tantas pessoas.
E o mundo para mim pareceu se expandir.

Entre nós que ficamos,
as meninas risonhas, passamos apenas a ser bobas.
Porquê um dia os sorrisos mudaram.
O silêncio ruim se instalou.
Eu pensei em você tantas vezes.
Me sentia idiota, sem saber o que fazer.

As estações mudaram, o que para mim foram milhares de vezes.
Foi quando você voltou.
E acho que então consegui não me sentir invisível o suficiente,
para não dizer o que sinto por você,

E disse.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Os versos que te fiz
Florbela Espanca

Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

domingo, 19 de outubro de 2008

Eu

de Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Folhas secas,


Entrei no apartamento, coloquei a chave na fechadura e dei apenas uma volta. Acendi a luz da entrada, a correspondência na mesinha alta. ainda sendo tarde o vizinho de alguns apartamentos acima tocava repetidamente seu saxofone. Na realidade não era identificável, devido a distancia, se um saxofone ou um oboé. Sei a diferença absurda de tais instrumentos, mas imagino que pelo cansaço eu não conseguia pensar. Me joguei no sofá, entregue, afundando lentamente na espuma. Aos poucos eu ia sentindo a temperatura amenizar. Falo de quando sento, em qualquer coisa que seja, e sinto aquele gelado desagradável - bom no verão - mas aos poucos a temperatura do corpo faz com que fique bom de novo. Nossa, me lembro de invernos em que a cama parece um mármore nos primeiros minutos. Mas não importando, lá estava eu sentado. Olhar fixo no nada, achando até melhor assim do que dormir. A luz amarela e o horário de verão, calor insuportável e mosquitinhos irritantes a entrar pela janela que estava aberta, perdendo suas asas por tudo. Dormi. E em sonho vi coisas tão distantes. Servia o chá cor de âmbar em uma xícara de porcelana bem fina-translúcida branca. Era uma tarde de temperatura agradável e o jardim estáva lindo. Outono. As meninas brincavam lá fora pela extensão dos campos, os lençóis balançavam forte e determinados, cegando com o sol. Era bom caminhar no jardim próximo e ouvir o estalido das folhas secas e vermelhas do outono sendo esmagadas. Era bom respirar. Era bom o som do vento! Quando eu ouvia o som do vento?
Forte "fffffffvuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummm".
As folhas das árvores se agitando "ssssssshhhhhhhhhhhh". Todos sentados a conversar juntos, olhando uns para os outros, cara a cara! Tão real! Aquela varanda com cadeiras de palha trançada, em uma noite de grilos agitados. Lá longe algum barulho agradável da noite. A temperatura a cair no outono quase frio, que nunca será. Insetos entravam pela janela, seguindo a luz.
Acordei e tudo que ouvia era o tráfego das ruas lá em baixo, a geladeira na cozinha a zumbir, a televisão do vizinho ao lado a murmurar.
E ainda senti meu rosto amassado da almofada bordada de minha avó. Que sonho estranho. E pensei na minha vida monótona. Cidade, empresa, indústria, carro, regras. Pequenas coisas que eu gosto. É bom viver em sociedade. Mas acho que deixei muito para trás e agora devo voltar.
Mas o que fazer quando vi que minha vida nada mais se tornou alem de uma folha seca? triste e quebradiça, sem vida! Não posso voltar no tempo e arrumar minha vida. Me encontro na solidão de uma vida abandonada, como em um filme, e a trilha será um jazz ao meio dos prédios de luzes isoladas em pura tristeza.
E para sempre esse será o meu mundo, de milhões de pessoas que nunca se conheceram.
Pessoas que nunca viram meu filme.
Pessoas como folhas secas, talvez.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Por um Mundo Sem Miséria






Neste domino passado, dia 12 de outubro, foi dia das crianças e eu com minha mãe e mais uns amigos fomos até a Vila Fomosa, aqui em Curitiba aonde vivo. É uma comunidade carente e necessitada com pessoas que aceitam todo o tipo de doação e atenção.
Foi um ótimo dia ensolarado, em que levamos as doações de muitas pessoas voluntárias - como cama elástica, piscina de bolinhas, cachorro quente, sopa, roupas, jogos, brinquedos e dinheiro - e ficamos entretendo a criançada.
Lemos livors, jogamos jogos, fizemos pintura, campeonato de futebol de botão, jogo de vôlei, entre outras atividades.
Foi muito bom para mim e meus amigos vermos como podemos ajudar, e como nossa cidade mesmo precisa.
Muitas crianças descalças, sujas, carentes de atenção, prontas para fazer alguma coisa diferente. Querem muito as coisas, tudo de uma só vez.
Agitadas, alegres, entimidadas. Com os olhos arregalados com um brilho de inoscência e em alguns casos, tristeza e abandono.
Pais felizes com a oportunidade para is filhos...
Agora nos preparamos para o dia 8 de Dezembro em que acontecerá um evento bem maior, com crianças, adolescentes, adultos e idosos, em um movimento contra a miséria, violência, drogas, prostituição, etc.
E a favor da educação, saude e melhores condições de vida.
Você também pode ajudar!
Basta querer....
Imaginar que um sorriso no rosto de uma pessoa pode ser criado por você
é como sentir um poder especial, divino talvez. E não é preciso muito!

Campanha Lutwidge Dodgson Para um mundo sem miséria!

Obrigada Artur, Thais, Luciano, e Matheus por terem ido.
Obrigada Akio pelas doações!
"Pouco sabe aquele que fala muito
e muito sabe aquele que fala pouco"
Rousseau

haha, prova de que tenho estudado e estou com a cabeça cheia de outras coisas...
Amanhã é um dia especial, em que os 'blogueiros' do mundo todo voltam seu blog para falar em favor da diminuição da pobreza no mundo...
Quero ver se preparo algo interessante!

:) cami!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Olhar, para mim.


Tudo que vemos é luz.
E toda a vida é feita de ondas, freqüências.
E as cores são freqüências de ondas...
E no meio dessas idéias eu comecei a pensar sobre o que eu vejo.
Porque sou muito observadora. Gosto de ficar pensando.
Mas o que gosto, em particular, são os olhares.
Cada pessoa tem seu olhar, aquele que não deixo de reparar.
Porque cada um diz alguma coisa.
Tem pessoas que se entregam apenas pelos olhos.
Que demonstram o caráter inteiro, os sentimentos, os desejos.
Tem os olhos daqueles que são tristes, agoniados. Os olhos daqueles que enganam.
Os olhos daqueles que não gosto.
Tem o brilho de cada momento.
E amo quando eu olho e é recíproco, e apenas pelo olhar, pelo brilho, pela energia,
sentimos a mesma coisa.
E um olhar, pode no fundo ser apenas um olhar. E mais no fundo pode ser apenas uma freqüência de onda, luz. Mas cada olhar é tão particular, tão único.
Tão belo!
E o olhar de duas pessoas se torna eterno, mesmo sendo um segundo.
Aquele silêncio ao redor, tudo para.
Apenas dois a se olharem fundo.
Apenas luz. Tudo que vemos é luz.
Mas acho que cada olhar tem sua freqüência, em uma onda particular,
que faz com que não seja apenas a visão de alguém sobre os nossos olhos.
Acho que eu vejo isso em cada pessoa e sinto cada onda, cada sensação de cada segundo eterno.
Sua poesia está
no olhar,
no ritmo de viver
e no jeito de se expressar

Acaso

Escrevo isso para você que sei que entende o que passa aqui na minha cabeça.
Sei que você pode ler e entender. Talvez.

Porque foi por acaso. Foi sem pensar...Sem esperar.
Foi quando olhei para você, depois daqueles cinco meses.

Mas antes disso, quando eu já podia dizer ser após uma ano que sabia quem era você,
não foi assim.
Foi de repente.


E foi confuso.


"Em diferença contamos o que? 10 anos então? corra, corra! Ou irá ficar para trás!"
Idade boba. Consciência estúpida, que me atormenta dizendo o provável, o pior.
Sinto perder o contato, o carinho. Só porque tenho medo.

Só porque me apaixonei por você
.....porque..........................................?

Eu, Ela,

Gostava de ouvir apenas o fone esquerdo,
apenas uma parte do som,
imaginando uma Gracie Slik ou um John Lennon
no banheiro a cantar.
Azulejos grossos anos 60

Gostava de ouvir apenas o fone direito,
imaginando a banda na sala,
sobre um tapete persa velho amarelado.

Gostava de mecher de leve o creme do cappuccino
brincando com a colher sem prestar muita atenção,
observando as pessoas na rua.

Gostava de se imaginar em uma cena trágica
de um filme clássico e dramático,
preto e branco e europeu.
Alguma musica emocionante para ficar na cabeça.

Gostava de pensar da onde vem as pessoas
que estão por ai nas ruas.

Gostava de ficar pensando em seus amigos,
nas probabilidades de coisas acontecerem,
na vida de cada um
na sua vida.

Gostava de contas, de arte, de contas, de notas,
de andar sosinha, de conversar,
de se apaixonar, de olhar nos olhos das pessoas,
Açucar, vermelho, amarelo e sorrisos.