segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Cinzas


Pelo novo ano que nos espera




Escreveu no papel todos os erros que não queria repetir.
Todas as encrencas que não queria ver,
todas as bobagens que não queria ouvir.
Detalhou cada coisa que não queria sofrer.
Explicou cada sensação que o fazia mal.
Falou das pessoas que não lhe davam prazer.
Dos dias em que não se sentira bem.
Dos lugares que o deixavam mal.
Das coisas que iriam mudar
Queimou.
Assoprou as cinzas para que tudo se perdesse,
e ele pudesse seguir em frente.
Uma nova folha em branco o espera.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

Televisão no Aquário


Nos deixamos afundar em um aquário profundo,
iludidos por uma série de imagens que nos esperavam lá em baixo,
como uma televisão.
Temos uma noção superficial do que se passa ao nosso redor:
Peixes e seres rápidos.
Mas não temos certeza alguma.
Assim como as imagens, que nos atormentam naquela tela:
Borradas e estranhas; Nenhum som claro.
não podendo respirar,
se continuarmos alí iludidos, iremos nos afogar.
E neste estado de fragilidade de corpo e alma,
a razão diz para nos deixarmos flutuar, até a superfície do real.
E assim viver com mais atenção, sem se deixar afundar!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O Fato em Minhas Mãos




Cansei de você que não me leva a sério
e cansei de fingir que algum dia ja fui séria.
Cansei de toda a falsidade ao redor das coisas,
falsidade me seguindo.
Vou simplesmente ignorar...

...mais uma vez. Mais uma estúpida vez.


Ao menos vou sempre me lembrar
- palavras de L. em um passado amado -
que não será o fim
nem um novo começo,
apenas um novo cápítulo das minhas histórias!

Agora aguardo pelo melhor de tudo que ja esteve por vir...
Com amor e receio, um em cada mão.

sábado, 13 de dezembro de 2008

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008


Nem sangue, nem batom, nem molho.

Minha mente em branco como papel, guardanapo, nuvem, lençol.


Ruídos, zumbidos, distração.

Abstração.

Rubro seja meu coração,

branca - e pálida - seja minh'alma,
e silenciosos sejam meus pensamentos.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Mar

Vou cair no mar de teus olhos.
E em meio à tempestade,
irei sentir seus pensamentos.
Sem censura,
envolta em sal,
envolta no real que você tem para dar.
Toda a ardência e a agonia.
E a curiosidade que meu próprio corpo guarda irá se dissolver.
Junto com tudo que possa ser ruim.
Só quero me afogar

sábado, 29 de novembro de 2008

Tábuas


Carpinteiro, de mãos em calos grossos, talha seu amor em cada tábua. Em noites profundas, paira seu olhar sobre o mar escondido pela noite. Apenas pode ouvir o som das ondas. Mas imagina cada detalhe da agitação da areia e do sal. Espera o novo dia para buscar suas tábuas a beira da praia. Imagina com carinho da onde vieram, quem nelas antes tocou. Gosta de sentir o cheiro do iodo que vem com o vento. Cada tábua seria pregada com sutileza em seu farol. E este seria seu castelo para pensar. Escrever sobre o mar, lembrar da solidão. Pensar no amor. Fazer chá e observar as formigas a passearem pelo açúcar. As solitárias que nunca dormem. Assim como ele. Solitário que nunca descansa!

quinta-feira, 20 de novembro de 2008


Nada que eu lhe disser ficará eternamente em sua mente,

visto que se achares belas minhas palavras,
elas serão assim por paixão e não por amor.
-
Estas frases vagam como em um grande trem sem paradas,
Nada foi forte o suficiente para impedi-lo.
-
Esta força esta apenas nos amantes - bons ladrões - raros, que irão entender e amar
o que meus lábios soltam em provérbios.
-
Disso suas mentes irão se apossar.
E não sabemos quanto tempo...
Até sua colisão!

sábado, 15 de novembro de 2008

Historia Real


Justamente a tal sensação de ver o mundo desabar e sentir algo,
não tivemos.
E não me importa pois não consigo nem me interessar mais por nada tão banal.
Paixão...
Cansei de ter que regar as flores o tempo inteiro.
Me mudei para um apartamento,
e meus vizinhos são os melhores que já pude ter.
E vamos com nossas tintas pintar nosso muro
e colar nossas palavras na mente uns dos outros.
E dai sim, mais para frente,
eu vou trocar sentimentos mais profundos
com alguém.
E vou me sentir bem pois teremos escritos juntos,
desde o inicio,
uma historia real.
Agora vou sentir de verdade!

sábado, 8 de novembro de 2008

Momento de o Sol Morrer




Para a menina que gosta de nuvens.




Momento de o Sol Morrer

Para olhar o sol que morre deve-se estar só;


Ou estar com alguém cuja mente deixe ser explorada.


E como gosto de quem deixa-me contar os pequenos versos de meu acaso: minha vida.


Em um onibus de janelas ilumindadas, numa cidade de luzes acesas...


Após os versos que te fiz, tudo que quero é me perder em ti. E nunca mais pensar em outra coisa!


Apenas olhando o sol, vagando em tua mente, gostando porque deixas.




E este momento será eterno assim.




O Sol a Morrer!

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Invisível

Os olhos dela, grandes em castanho escuro,
reflexo das horas tardes,
observavam atentamente a situação o seu redor.
Comendo sal na mesa da varanda cheia.

Foi primeira vez que a vi, naquele dia chuvoso de férias de verão.
O apartamento amplo, parede brancas e janelas fumê
dando um ar sépia a cena.
Sorria de leve. Não falava...
Mas eu sentia o carinho dela. Não por mim.

E nos vimos algumas vezes, todas as meninas atordoadas.
Risadas bobas e boas!
As vezes seu silencio dizia tudo, mas eu me sentia invisível a seu olhar tão bom.
Algo me chamou e não pude responder.
Não sabia como.
Tiveram também as tardes de sol no gramado quente
conversando sobre assuntos que nem lembro mais.

E em segundos tudo se inverte e a história girou ao meu redor.
O tempo passou...
As ferias acabaram. Depois foi-se o verão, você foi junto.
Minha mente se complicou e mudou mil vezes.
Me apaixonei por tantas coisas e conheci tantas pessoas.
E o mundo para mim pareceu se expandir.

Entre nós que ficamos,
as meninas risonhas, passamos apenas a ser bobas.
Porquê um dia os sorrisos mudaram.
O silêncio ruim se instalou.
Eu pensei em você tantas vezes.
Me sentia idiota, sem saber o que fazer.

As estações mudaram, o que para mim foram milhares de vezes.
Foi quando você voltou.
E acho que então consegui não me sentir invisível o suficiente,
para não dizer o que sinto por você,

E disse.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Os versos que te fiz
Florbela Espanca

Deixe dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer !
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.

Tem dolencia de veludo caros,
São como sedas pálidas a arder...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos pra te endoidecer !

Mas, meu Amor, eu não te digo ainda...
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz !

Amo-te tanto ! E nunca te beijei...
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz.

domingo, 19 de outubro de 2008

Eu

de Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Folhas secas,


Entrei no apartamento, coloquei a chave na fechadura e dei apenas uma volta. Acendi a luz da entrada, a correspondência na mesinha alta. ainda sendo tarde o vizinho de alguns apartamentos acima tocava repetidamente seu saxofone. Na realidade não era identificável, devido a distancia, se um saxofone ou um oboé. Sei a diferença absurda de tais instrumentos, mas imagino que pelo cansaço eu não conseguia pensar. Me joguei no sofá, entregue, afundando lentamente na espuma. Aos poucos eu ia sentindo a temperatura amenizar. Falo de quando sento, em qualquer coisa que seja, e sinto aquele gelado desagradável - bom no verão - mas aos poucos a temperatura do corpo faz com que fique bom de novo. Nossa, me lembro de invernos em que a cama parece um mármore nos primeiros minutos. Mas não importando, lá estava eu sentado. Olhar fixo no nada, achando até melhor assim do que dormir. A luz amarela e o horário de verão, calor insuportável e mosquitinhos irritantes a entrar pela janela que estava aberta, perdendo suas asas por tudo. Dormi. E em sonho vi coisas tão distantes. Servia o chá cor de âmbar em uma xícara de porcelana bem fina-translúcida branca. Era uma tarde de temperatura agradável e o jardim estáva lindo. Outono. As meninas brincavam lá fora pela extensão dos campos, os lençóis balançavam forte e determinados, cegando com o sol. Era bom caminhar no jardim próximo e ouvir o estalido das folhas secas e vermelhas do outono sendo esmagadas. Era bom respirar. Era bom o som do vento! Quando eu ouvia o som do vento?
Forte "fffffffvuuuuuuuuuuuuuuuuuuuummm".
As folhas das árvores se agitando "ssssssshhhhhhhhhhhh". Todos sentados a conversar juntos, olhando uns para os outros, cara a cara! Tão real! Aquela varanda com cadeiras de palha trançada, em uma noite de grilos agitados. Lá longe algum barulho agradável da noite. A temperatura a cair no outono quase frio, que nunca será. Insetos entravam pela janela, seguindo a luz.
Acordei e tudo que ouvia era o tráfego das ruas lá em baixo, a geladeira na cozinha a zumbir, a televisão do vizinho ao lado a murmurar.
E ainda senti meu rosto amassado da almofada bordada de minha avó. Que sonho estranho. E pensei na minha vida monótona. Cidade, empresa, indústria, carro, regras. Pequenas coisas que eu gosto. É bom viver em sociedade. Mas acho que deixei muito para trás e agora devo voltar.
Mas o que fazer quando vi que minha vida nada mais se tornou alem de uma folha seca? triste e quebradiça, sem vida! Não posso voltar no tempo e arrumar minha vida. Me encontro na solidão de uma vida abandonada, como em um filme, e a trilha será um jazz ao meio dos prédios de luzes isoladas em pura tristeza.
E para sempre esse será o meu mundo, de milhões de pessoas que nunca se conheceram.
Pessoas que nunca viram meu filme.
Pessoas como folhas secas, talvez.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Por um Mundo Sem Miséria






Neste domino passado, dia 12 de outubro, foi dia das crianças e eu com minha mãe e mais uns amigos fomos até a Vila Fomosa, aqui em Curitiba aonde vivo. É uma comunidade carente e necessitada com pessoas que aceitam todo o tipo de doação e atenção.
Foi um ótimo dia ensolarado, em que levamos as doações de muitas pessoas voluntárias - como cama elástica, piscina de bolinhas, cachorro quente, sopa, roupas, jogos, brinquedos e dinheiro - e ficamos entretendo a criançada.
Lemos livors, jogamos jogos, fizemos pintura, campeonato de futebol de botão, jogo de vôlei, entre outras atividades.
Foi muito bom para mim e meus amigos vermos como podemos ajudar, e como nossa cidade mesmo precisa.
Muitas crianças descalças, sujas, carentes de atenção, prontas para fazer alguma coisa diferente. Querem muito as coisas, tudo de uma só vez.
Agitadas, alegres, entimidadas. Com os olhos arregalados com um brilho de inoscência e em alguns casos, tristeza e abandono.
Pais felizes com a oportunidade para is filhos...
Agora nos preparamos para o dia 8 de Dezembro em que acontecerá um evento bem maior, com crianças, adolescentes, adultos e idosos, em um movimento contra a miséria, violência, drogas, prostituição, etc.
E a favor da educação, saude e melhores condições de vida.
Você também pode ajudar!
Basta querer....
Imaginar que um sorriso no rosto de uma pessoa pode ser criado por você
é como sentir um poder especial, divino talvez. E não é preciso muito!

Campanha Lutwidge Dodgson Para um mundo sem miséria!

Obrigada Artur, Thais, Luciano, e Matheus por terem ido.
Obrigada Akio pelas doações!
"Pouco sabe aquele que fala muito
e muito sabe aquele que fala pouco"
Rousseau

haha, prova de que tenho estudado e estou com a cabeça cheia de outras coisas...
Amanhã é um dia especial, em que os 'blogueiros' do mundo todo voltam seu blog para falar em favor da diminuição da pobreza no mundo...
Quero ver se preparo algo interessante!

:) cami!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

O Olhar, para mim.


Tudo que vemos é luz.
E toda a vida é feita de ondas, freqüências.
E as cores são freqüências de ondas...
E no meio dessas idéias eu comecei a pensar sobre o que eu vejo.
Porque sou muito observadora. Gosto de ficar pensando.
Mas o que gosto, em particular, são os olhares.
Cada pessoa tem seu olhar, aquele que não deixo de reparar.
Porque cada um diz alguma coisa.
Tem pessoas que se entregam apenas pelos olhos.
Que demonstram o caráter inteiro, os sentimentos, os desejos.
Tem os olhos daqueles que são tristes, agoniados. Os olhos daqueles que enganam.
Os olhos daqueles que não gosto.
Tem o brilho de cada momento.
E amo quando eu olho e é recíproco, e apenas pelo olhar, pelo brilho, pela energia,
sentimos a mesma coisa.
E um olhar, pode no fundo ser apenas um olhar. E mais no fundo pode ser apenas uma freqüência de onda, luz. Mas cada olhar é tão particular, tão único.
Tão belo!
E o olhar de duas pessoas se torna eterno, mesmo sendo um segundo.
Aquele silêncio ao redor, tudo para.
Apenas dois a se olharem fundo.
Apenas luz. Tudo que vemos é luz.
Mas acho que cada olhar tem sua freqüência, em uma onda particular,
que faz com que não seja apenas a visão de alguém sobre os nossos olhos.
Acho que eu vejo isso em cada pessoa e sinto cada onda, cada sensação de cada segundo eterno.
Sua poesia está
no olhar,
no ritmo de viver
e no jeito de se expressar

Acaso

Escrevo isso para você que sei que entende o que passa aqui na minha cabeça.
Sei que você pode ler e entender. Talvez.

Porque foi por acaso. Foi sem pensar...Sem esperar.
Foi quando olhei para você, depois daqueles cinco meses.

Mas antes disso, quando eu já podia dizer ser após uma ano que sabia quem era você,
não foi assim.
Foi de repente.


E foi confuso.


"Em diferença contamos o que? 10 anos então? corra, corra! Ou irá ficar para trás!"
Idade boba. Consciência estúpida, que me atormenta dizendo o provável, o pior.
Sinto perder o contato, o carinho. Só porque tenho medo.

Só porque me apaixonei por você
.....porque..........................................?

Eu, Ela,

Gostava de ouvir apenas o fone esquerdo,
apenas uma parte do som,
imaginando uma Gracie Slik ou um John Lennon
no banheiro a cantar.
Azulejos grossos anos 60

Gostava de ouvir apenas o fone direito,
imaginando a banda na sala,
sobre um tapete persa velho amarelado.

Gostava de mecher de leve o creme do cappuccino
brincando com a colher sem prestar muita atenção,
observando as pessoas na rua.

Gostava de se imaginar em uma cena trágica
de um filme clássico e dramático,
preto e branco e europeu.
Alguma musica emocionante para ficar na cabeça.

Gostava de pensar da onde vem as pessoas
que estão por ai nas ruas.

Gostava de ficar pensando em seus amigos,
nas probabilidades de coisas acontecerem,
na vida de cada um
na sua vida.

Gostava de contas, de arte, de contas, de notas,
de andar sosinha, de conversar,
de se apaixonar, de olhar nos olhos das pessoas,
Açucar, vermelho, amarelo e sorrisos.

sábado, 27 de setembro de 2008

O povo caminha, sob o sol,
terra quente e rachada.
O povo sua, o povo sofre,
o povo fede.
Unhas sujas,
face tristes-deprimidas.
O povo chora em suas lágrimas secas,
em seu canto agoniado,
canção lamuriada sem fim.
O povo segue sem destino.
O povo não sabe, o povo não vê.
Se engana em sua própria condição,
se perde em sua própria lamentação.
O povo da vida largada,
O povo de alma apagada,
O povo caminha, sob o sol,
terra quente e rachada.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Café

Estava sentada no café da praça principal.
Quente embora ventasse muito.
Mexia lentamente seu café, sentindo a textura do açúcar no fundo da pequena xícara, em um leve atrito.
Apenas uma colherada de açucar.


A colher em formato de concha a fazia pensar no mar.
Água salgada. Vento igual.

Sal na comida. Concha para servir.
Concha e colher, colher em concha.
Apenas uma de açucar.
Café.

domingo, 21 de setembro de 2008

Poesia

Poesia...
pensei em uma arte com palavras.
E fui me desdobrar em combinações todas especiais.
Fui me perder em versos para agradar aos outros.
Mas foi no falhar de tanto escrever e não conseguir poesia, que vi que poesia é apenas algo...
(explique então!)
palavras!

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O Conde de Liechtenstein - Parte I

... havia vezes porém em que eu preferia ficar sozinha um pouco. Cansava de ficar constantemente ouvindo conselhos das tais Damas de Companhia, tolas! Descobri que eu podia ir quando quisesse na biblioteca da corte que era mais vazia que os outros lugares, não me sentia observada constantemente, podendo então estudar com cuidado as poesias mais fantásticas.
E assim passei a ficar um dia por semana completamente sozinha. Me perguntavam se não me atraia ir aos jardins, ler para as outras garotas. Apenas penso comigo que minha irmã é quem cumpre essa função social em nossa familia. Não pretendo ficar muito com todas essas pessoas, que ao meu olhar não passam de falsas. Não quero decidir já com quem casar e que posses vou ter, escolher alguém apenas pelo status que vou ganhar. Então talvez esse isolamento seja bom para mim.
Mas foi em um destes dias, em que decidi me empenhar a literatura francesa, que vi algo que me deixou mais pensativa do que o normal. Estava andando em busca de algo diferente e aos poucos fui me direcionando até uma torre mais alta da grande biblioteca, aonde nunca tinha ido. Lá haviam apenas livros sobre batalhas, conquistas, grandes impérios e exércitos e algo sobre o avanço das descobertas. Nada que eu realmente quisesse ler, até então.
Entre as estantes da torre, como em muitas outras da biblioteca, havia um quadro. Mal teria percebido, normalmente. Mas este, com sua moldura suntuosa em dourado forte, pintura delicada e perfeita, trazia um retrato marcante. Me fez sair da onde eu estava. Me transportou frente a frente a o homem dos olhos mais profundos e azuis que eu já vira. Seu cabelo macio e sedoso, ondulado em loiro solar, e sua pele branca com faces levemente coradas. Sua camisa muito bem engomada, de algodão pálido, era protegida pela brilhante e leve capa de seda preta, com uma gola de pele felpuda e luminosa quase viva. Suas luvas guardavam suas mãos fortes e ao mesmo tempo delicadas, e estas, seguravam sua espada banhada a ouro.
Repeti a seqüência de detalhes milhares de vezes, abismada com tal beleza do retrato. Eu tinha o tempo que precisava, o silencio que queria e estáva frente a frente com aquele que não se gabava, não demonstrava interesse ou desdêm, não me feria os sentimentos uma vez sequer.
Vi que o tempo tinha passado além do que eu esperava e deveria ir.

sábado, 13 de setembro de 2008

Opio

Zeca Baleiro

Eu não quero ver você cuspindo ódio

Eu não quero ver você fumando ópio
Prá sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso
Seja lá o que isso for...

Eu não quero aquele
Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo acenando tchau...

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro
Este hoje, escuro
O maior desejo da boca
É o beijo
Eu não quero ter o tédio me escorrendo das mãos...

Quero a Guanabara
Quero o rio Nilo
Quero tudo ter
Estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo
Água e sal...

Nada tenho
Vez em quando tudo
Tudo quero
Mais ou menos quanto
Vida, vida
Noves fora zero
Quero viver, quero ouvir
Quero ver...

Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio
Prá sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso
Seja lá o que isso for...

Eu não quero aquele
Eu não quero aquilo
Peixe na boca do crocodilo
Braço da Vênus de Milo
Acenando tchau...

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto sperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro este hoje, escuro
O maior desejo da boca
É o beijo
Eu não quero ter o tédio me escorrendo das mãos...

Quero a Guanabara
Quero o rio Nilo
Quero tudo ter
Estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo
Água e sal...

Nada tenho
Vez em quando tudo
Tudo quero
Mais ou menos quanto
Vida, vida
Noves fora zero
Quero viver, quero ouvir
Quero ver
Nada tenho
Vez em quando tudo
Tudo quero
Mais ou menos quanto
Vida, vida
Noves fora zero
Se é assim, quero sim
Acho que vim prá te ver...

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

23:47

foi tudo tumultuado e cheio de irritaçoes insuportaveis
em uma semana chatíssima e cansativa.
meus olhos doendo o tempo todo!
ja cansei!
mas é momentaneo de sexta feira em casa
em casa
meus olhos continuam a doer!
e penso nos livros que estão me esperando, nem sempre de boa vontade
e penso nas coisas que devo fazer
dever dever dever!
sinto que a humanidade criou suas proprias chatices
e eu estou no meio disso sem opção!
ah
mas no fundo
tem seus brilinho
aurea de sorte ta ai certo?
seja lá o que isso signifique,
como diria uma tia minha

e eu escrevi isso em 3 minutos, nem sei bem porque.
são 23:50 agora

e eu estou feliz depois
pelo o que aconteceu

sábado, 30 de agosto de 2008

Menina Maçã

Tinha aquele sabor proibido,
meu amor escondido, da face rubra delicada,
do cheiro suave como primavera sutil.
Seu coração batia acelerado,
em seus passos agitados,
ao ritmo da cidade a mil.
Lançava seu olhar brilhante e inocente,
corava ao sentir-se observada.
Menina meiga, pequenina.
Chamava a atenção com seu jeito de agir,
Jeito de falar,
Jeito de ouvir.
Seu pequeno mistério se difundia em meio a multidão,
a tal ponto que não era especial.
Era apenas mais uma como todas as outras meninas.
Só estava fora do tempo ou no compasso errado.
E no meio daquela multidão alguém haveria de sentir sua musica e encontrar seu amor escondido.
Seria uma coincidência os dois se aproximarem.
Ele após vê-la sob aquela luz escarlate não pensaria no tal do fim.
Apenas a chamaria de Menina Maçã.
Aquela do ritmo mais forte que já senti,
Do sabor proibido, do amor escondido.
Aquela da face rubra delicada e cheiro de primavera sutil.
Do meu amor escondido,
Menina Maçã.

domingo, 17 de agosto de 2008

Juizo Final

de Nelson Rodrigues-Morrer com o ser amado - 1968

Se o homem soubesse amar não elevaria a voz nunca, jamais discutiria, jamais faria sofrer.
Mas ele ainda não aprendeu nada.
Dir-se-ia que cada amor é o primeiro e que os amorosos dos nossos dias são tão ingênuos, inexperientes, ineptos, como Adão e Eva.
Ninguém, absolutamente, sabe amar.
D. Juan havia de ser tão cândido como um namoradinho de subúrbio.
Amigos, o amor é um eterno recomeçar.
Cada novo amor é como se fosse o primeiro e o último.
E é por isso que o homem há de sofrer sempre até o fim do mundo - porque sempre há de amar errado.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

O Melhor Que Posso Fazer

Não deve querer demonstrar de uma maneira ja decidida...
Apenas deve deixar a expressão vir como for,
do jeito que deve ser.
E mesmo que o problema surja,
as desculpas mostrarão o arrependimento,
a vontade de concertar.
E quero que toda vez olhe para onde olho
(que seja você o que olho e então olhe para mim),
e veja que quero. E diga que quer.
Querer se jogar em tal abismo,
Deixar se enganar...
Nunca será tão fundo para que não se possa voltar.

Para Sonhar


Era estranho. O ar, o som. As pessoas tem uma mentalidade tão privada que o silêncio é ainda maior que o esperado. Uma educação que faz com que você se sinta mal até do que ainda não pensou em fazer de errado. Um jeito de se portar. Um jeito de se vestir. Um jeito de falar. Isso me faz lembrar as ruas. Grandes e largas, com arvores, enormes e velhas, folhas verdes da nova estação. Aquele sol tentando aquecer, aquele vento gélido esfriando e descabelando. Pessoas à vontade aos seus afazeres, passando pela mesma rua de sempre no seu dia-a-dia. Lojinhas com pequenas coisas que atraem os olhos como se eu voltasse a ser criança. Cartazes piscando, anúncios chamando. Teatros, musicais, comidas, descontos. Prédios, placas, carros. Táxis, ônibus. Janelas grandes, portas coloridas.Eentradas de pequenos prédios perfeitamente arrumados. Flores e jardins mais vivos que nunca. Praças com suas fontes eternamente a jorrar enquanto crianças e velhos se divertem. uns levam o cachorro, outros sentam no banco para tomar um café e ler os jornais. "Não se preocupe que nada faltará. Não vá embora! Por favor, fique para sempre! Fique! Fique!" Era como se me chamasse! Se eu estivesse sozinha, totalmente, assim seria. Apenas vendo, sem saber se estava vivendo. E seria por muito tempo. Pois falar com aquele povo parecia inviável. Fora da capacidade do que eu entendia por ser humano! E pode parecer um papo de outro mundo, mas foi o que eu senti por lá. Uma solidão, um isolamento. Parecia que não se preencheria nunca. Acho que nem vai. Ou eu que não me encaixei. Não me deixei encaixar... Não me entreguei à tentação... Calorosos foram os dias com amigos novos que se era possível fazer, vindos como eu, de outros lugares distantes. Mas e quanto aquele frio em saber que talvez nunca iremos nos ver novamente? No fundo pode ter sido tudo como sonho. Brilhante e iluminado, bonito e tão real. Por um momento. Tudo tão perfeito e colorido, tão perfeito e alegre, tão perfeito e calmo! Nada para dar errado! E no fundo, aquilo que você queria ter por perto ao acordar, se foi junto com o vento gelado... Foi uma janela que deixei aberta para sonhar...

sexta-feira, 4 de julho de 2008




Meio fio

vento de inverno

Sol nas Costas

liberdade...

Alegria afinal!

Tantas cores por aí...

Esperto cão branco,

Sabe a hora de partir.

Exatamente onde atravessar.

Vitrinas transparentes.

A sinseridade do que não é real.

A Mentira que é a grande verdade.

A acidez com que embebedamos as palavras,

Tantas cores por aí!

Faltam óculos para se ver...

O que eu realmente trouxe para você.

E que pena, eu seria capaz de me entregar completamente,

se você pudesse ver!

Tantas cores por aí!

Faltam óculos para se ver!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Que Seja Assim

Era final da tarde e eu fui em busca dela,
ver se, talvez, com seu pente fino, eu resolvia as angústias abafadas.
Lembro bem do olhar dela, refletindo luz elétrica das 19h quase escuras.
"Escreva o que estiver sentindo, ajuda...", "Veja também o que os outros estão sentindo... Se ponha no lugar deles!", "Quem sabe os outros não estão certos? Quem sabe não é você que fica fazendo confusões nesta mente ai?"...
Muita informação, muitas coisas a pensar. Fui seguir meu caminho. Fui pensar. Olhar para meus tênis um pouco ao invés de depender de outros tênis para seguir meu caminho.
Ao menos tenho que tentar!
Seguirei por essas calçadas de pedras grandes, quadradas, mosaicos... Serão apenas meus pensamentos ecoando no mundo. Ecoando nestas pedras. E guardarei sentimento. Explodirei mais tarde. Ou não.
E eu já vinha sentindo aquela onda de algo não estava bem, não estava como eu queria que fosse um dia. E eu ia ficar sonhando como sempre fiz! Parece que não cresço, que não mudo nunca!
Ingênua,
Boba,
Insegura,
Pensativa,
Atenta,
Ansiosa,
Impulsiva,
Apaixonada.
Não vou me arrepender. E não vou entregar minha alma ao frio
pois não sinto que é assim!Não precisa ser ruim!
Quem diz que o frio é ruim?
E a chuva? eu gosto de me molhar...
Gosto de me sentir feliz! Apenas isso!
E posso ser assim não importando as circunstâncias!
Continuarei a pensar em você, ainda por um tempo.
Mas virão muitas coisas para me distrair.
Temo apenas os momentos antes de dormir...
Em que as brasas desta história voltam a fervilhar, atiçadas pela minha própria confusão.
Mas que seja assim!
Pois eu acho bonito que seja assim!
Sinto uma poesia de viver...
E isso pode parecer confuso.
Mas é o que está aqui na minha mente.
Acho até que devia dar um outro nome para minha mente.
Essa poesia que fica a tinir aqui dentro!
Minha poesia de viver está em pensar em você, nele, nela.
Minha poesia de viver está em ver e sentir, não ver e imaginar.
Poesia em viver!
Crio a beleza para meu caminho, crio essa poesia para mim.
A vida será melhor assim!

(P.I.R)

terça-feira, 24 de junho de 2008




Sinto aquele nó dentro de mim. Querendo falar, mas não conseguindo, não podendo!
Às vezes penso em como seria mais fácil simplesmente dizer tudo, sem arcar com as conseqüências, apenas vendo os resultados.
Às vezes penso como seria difícil entregar o jogo. Alem do mais, assim é que se cria o mistério para tudo. Assim que se cria a dúvida, a curiosidade. Assim é que se dá um pouco de graça as coisas.
Temos nossa mente fechada. E a dos outros também. Pode parecer perturbador. Pode parecer fantástico. É meu de mais ninguém.
É seu de mais ninguém.
O que passa aqui dentro pode se tornar silencio eterno, mesmo forçando as barreiras do corpo com a mente para ser assim. Mas pode ser silencio por não saber como dizer, para quem dizer. E uma vez dito, deixa de ser pensamento, deixa de ser segredo. Pode deixar de ser verdade, pode deixar de ser real.
Aos poucos tudo se acerta.
Pode demorar, mantendo o nó à apertar e incomodar.
Pode sair em vômito ácido de agonia e sal que arde,
encarnando tudo aquilo que se acumulou, desidratando a alma. Que venham lágrimas, gritos, raiva.
E não irão me entender! Demorará a passar. Eu sei que vou senti a corda deste nó quase partir, me partindo junto.
E depois lentamente tudo soltará. Minha mente vai se acalmar.
Se preparar para se perder novamente em águas turvas do futuro.

Essa irritante provocação que está ao me redor. Meu subconsciente me levando a tomar atitudes. As vazes não sei se sou eu. Não consigo lembrar.
Mas talvez eu apenas finja, pois tenho medo de desatar-me deste nó.

domingo, 22 de junho de 2008

Vento Até Voltar

Olhava para o céu tentando imaginar o que realmente acontecia. Sua mente estava confusa, mas seu corpo estava estável em relação à vida. Pensava em todas as pessoas. Se lembrava até daquelas que menos faziam diferença nos dias atuais. Era mais uma questão de tentar encaixar tudo perfeitamente até chegar no ponto em que se encontrava.

Se sentia bem, na realidade. Tudo ao seu redor estava alegre!


Mas no fundo não agüentava mais pensar. Pensava não apenas nos outros, mas no que os outros pensavam. Não conseguia parar de se preocupar e de sentir-se agoniada com o imaginário. As falsas sensações que tinha sobre tudo e todos. Repugnava tudo. Sobrava apenas o que realmente a fazia bem.

Entrava agora em uma fase de tentar isolar tudo isso, e viver mais como o vento... Livre e solto sem se preocupar com os outros. Mostrando estar por perto mesmo sem ser visto. Fazendo falta nos quentes momentos de tensão. Do nada esfriando... Arrepiando. Levando consigo apenas o que fosse alegre e colorido.

E se preparava para se imaginar sumindo por um tempo da mente dos outros ao invés de tentar apagar suas próprias lembranças...
Até que a saudade a trouxesse até lá novamente!

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Quarto Secreto


Passara horas sentado naquela janela. Com suas mãos frias podia sentir o contraste com o quente do rosto de choro. “Porque ela tinha que ir?”, e simplesmente ficou a pensar sobre tudo. Sentia-se protegido pelos objetos do quarto mais alto. “O quarto secreto”, como gostavam de chamar, em uma fantasia que com o tempo se tornou real, assim como a infância virara puberdade; amizade, paixão.

O mar lá fora estava manso e quente. O pôr-do-sol dourado intenso pintava sua retina profundamente, tocando sua alma completamente. Em meio ao vazio e ao calor ele se entregava aos pensamentos mais confusos e perturbadores, esclarecedores e nervosos. O cada vez mais o impulsionavam a pular no grande abismo em que se encontrava.

Sua mente estava trabalhando para se lembrar dela perfeitamente. Do rosto, dos olhos claros, do cabelo, da boca, das mãos, do cheiro, do abraço, do sorriso, da risada, do jeito de falar e de ser... Queria também se lembrar da cidade como é e como foi com ela em cada lugar. A praia de areia branca, com ondas suaves. O píer e as gaivotas. Os pescadores e o eco da voz deles que vinha com o ar de longe. Lembrar como era a grande casa, fintada de cal com as janelas azuis, feita de madeira e enorme. Com pequenos esconderijos e espaços, quartos e varandas, escadas e janelas enormes pelos corredores. Estava sempre cheia de gente: a família, os amigos.

Seus pais eram amigos! Gostava de lembrar como brincaram quando crianças, na praia e na piscina, na casa da árvore. Andavam de bicicleta nas férias. Lembrou-se também como foi o inicio da adolescência, confusa e estranha. Muitas informações de uma só vez, o mundo se abrindo de maneira curiosa e assustadora. Com o tempo apenas se acostumariam com a vida como ela é. Lembrou-se da vez em que estavam no jardim e ele descobriu que gostava dela...

Sentia raiva e calor, ódio intenso. E chorava fortemente até sentir a presença dela, que vinha como calmaria em alto mar. Parava então de súbito, se esforçando para vê-la em meio ao que restava do sol, sorrindo. Como ela gostava de andar descalça e passar horas a observar as pessoas! Sempre alegre, menina iluminada! Foi ela quem o ajudou a decorar cuidadosamente o teto abobadado e baixo da torre do quarto secreto. Coberto com recortes de jornal, fotos de revistas, noticias incríveis. Cartões postais – “as pequenas janelas para nosso mundo” – placas antigas, conchas, botões coloridos. Cartas, bilhetes, dobraduras, declarações de amor, pedidos de paz, poemas sem fim...

Ele tinha a vida dela ali com ele. Tudo que fizeram estava na mente dele. Ele a amou. E mesmo sabendo que naquele exato momento todos estavam lá em baixo, em profundo luto, dividindo a mesma saudade e mesma dor, se recusava a comparecer. Ele se recusava a dividir o que havia vivido com ela! Era egoísta sim e não dividiria a intimidade deles com os outros, estava decidido. Aquelas lembranças todas, portanto, se tornariam um segredo, parte da vida dela que jamais os outros teriam. Jamais os outros iriam poder ressuscitá-la em lembranças. E ele se sentiu com um incrível – e estranho – poder nas mãos. Ele via que teria ela mais perto do que os outros. A alma dela ainda circulava radiante e às vezes o invadia por completo. O tocava no mais íntimo e secreto, alem da alma ou do coração. Compartilhava sua vida com ela.

Queria ter ela cada vez mais perto e mais intensamente. Senti-la viva mais uma vez. O calor não o afetava mais... Entardecera e o vento começou a uivar angustiante. Ele caiu em sono enquanto as estrelas brilhavam. Continuou lá quando fez sol e calor, choveu e esfriou. O mar se enfureceu e se acalmou. O vento trouxe e levou sons, visitantes, familiares, lembranças. Mas ele não podia ouvir os chamados, nem ao menos perceber o que acontecia...

A grande casa já não importava mais. O quarto secreto já não tinha mais cor. O mar silenciara e o sol não mais reluzia. Tão pouco havia noite ou estrelas. O vento morrera. O que era vida já não lhe trazia prazer. O que era morte já não lhe preocupava.

Sua alma se entrelaçara à dela, completamente. Não sabia se representava o próprio vivo ou se jazia morto sendo ela. Não conseguia mais se soltar. Não queria mais. Não queria acordar. Afinal, tudo se manteria lacrado no segredo daquele quarto, daquela torre, daquele amor, daquelas vidas.

Então, para quê acordar? Tudo permaneceria no quarto secreto como começou...


A NAVALHA

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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Fantasmas

Você
Alguém que não consigo
Esquecer
Ou talvez não queira
Esquecer

È a tua silhueta
Que vejo dançar no meu copo
É teu o sorriso
Que em pensamento
Assombra-me

É o brilho
Dos teus olhos
Que vejo nas estrelas
É a tua voz que às vezes
Procuro chamando meu nome

É o teu perfume
Que sinto na gola da minha capa
É o teu nome
Que grito desesperado
Nas noites de solidão

São para você
Os poemas que faço
Usando essa folha amarela e essa pena
São para você
As musicas que compus

Queria ter forças
Para me livrar de tudo isso
Mas as lembranças
São bem mais vivas
Que qualquer coisa em mim

Queria olhar pela sacada do meu quarto
E te ver novamente
Colhendo as rosas do meu jardim
Aquelas, que agora, cuido com tanto carinho
Pois o perfume delas me lembra o teu

Tudo que queria
Era escutar teus passos
Era escutar as tabuas
Dessa velha casa
Rangendo com seu doce pisar

Tudo parece tão triste agora
As rosas que antes eram vermelhas
Agora me parecem cinza
Como se tudo tivesse perdido a graça
Perdido a beleza...

Pelas noites adentro
Sigo me embriagando
E gritando seu nome
Pedindo a Deus que você
Retorne

A brisa toca delicadamente meu rosto
Acho que é a sua respiração
Mas você não está comigo,
Lagrimas escorrem por minha face
E caio ajoelhado

A gola do casaco esconde minhas lagrimas
Sinto seu perfume
No líquido verde que está dentro da garrafa
Vejo-te dançando
Repetidas vezes grito teu nome

Ajoelhado ali, olho para os céus e vejo as estrelas
O brilho do seu olhar
Uma pétala de rosa vermelha cai a minha frente
Pego-a e nela sinto
A delicadeza do teu toque


Mas teus passos
Tua voz chamando meu nome
Eu nunca mais escutarei
São só lembranças
Que assombram minha mente

São só fantasmas...


Por Giancarlo Ferraro

terça-feira, 27 de maio de 2008

DELÍRIO

SIMPLES SEGUNDOS ENCOSTADA EM TI
E JÁ ME PERCO EM FUNDOS PENSAMENTOS,
DESEJOS, AFLIÇÕES!

E NESTES APENAS SEGUNDOS,
QUE ECOAM ETERNIDADE EM MINHA MENTE,
SOU CAPAZ DE FECHAR MEUS OLHOS,
CEDER A MINHA PROPRIA TENTAÇÃO,
DE ME DEIXAR LEVAR...

SINTO A VERDADE CAMINHAR A MINHA VOLTA,
RONDANDO MINHA AGONIA,
POR QUE NÃO A SIGO, ENFIM?

FORAM CEGOS SEGUNDOS APENAS.
O TEMPO CURTO DE IMAGINAÇÃO,
SE TORNOU A VERDADE QUE ESTOU A SEGUIR!

E ÉSTA NA MINHA MENTE,
COM SUA FORMA SEDUTORA ME AMARROU,
EM NÓS FORTES DE UMA CORDA LONGA,
(VOLTAS E VOLTAS E VOLTAS, INDO E VINDO)
NO TEU CORPO E NA TUA ALMA.

AGORA EU MESMA SOU SIMPLES IMAGINAÇÃO,
EM PURO DELIRIO ESTOU:
DE COSTAS PARA NÃO TE VER;
ENCOSTADA ETERNAMENTE A TE SENTIR...
A VERDADE A RONDAR.

Camilla Di Lucca
(p.l.f)