terça-feira, 3 de maio de 2011

Silenciosa



Não fui boa com as palavras,
Não tive olhares para dar a entender,
E me senti então exatamente como você...
Silenciosa.
Mas foi frustrante demais.
Que pena ser assim.

Açucar e sem Afeto



e eu quis colocar aquela musica melosa bonita
da qual eu já ignoro a letra
pensando apenas no carinho de cantar
(ou assobiar)
com açucar, com afeto
tão doce
e puxei o vinyl para fora
eu só queria ouvir a canção melosa e me sentir embalada
ou nem isso, só continuar a fazer minhas coisas
e caiu então um cartão.
voou para cima de mim.
pensei que pudesse ser um pedacinho de você
uma carta, uma coisinha tola
tola como a canção
que só ia dar uma aninhada nos sentimentos
e poderia ser... um nada tão significativo
uma lembrança, um pedaço de um gostar
uma demosntração de um amar
e abri esperando ansiosa
e não era,
não era nada.
claro que não era nada
porque sei bem me iludir
e buscar no fundo das coisas o inexistente.
ou acreditar no inexistente
um pouco de sonho não mata!
mas mata sim
mata de pouquinho em pouquinho
fingimos dosar bem,
essa coisa de sonhar,
e pá!
nos afogamos, overdose...
fiquei então apenas com açúcar e com afeto
sem afeto algum
sem pensar em qualquer coisa
nada
que lá no final me leve a pensar em você...
nada, nada!
mas fico sim com todo o açúcar que me der
e lamberei meus dedos devagarinho
porque açúcar é um pouco como sonho
e combina mais comigo
do que essa historia toda de afeto
e de ter que encarar as coisas firme,
de frente, aos tapas.
E daqui para frente só me perderei
no que for doce de verdade.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Extintos Inconscientes





Passou a viver por extintos.
Num fluxo de inconsciência, as vezes enxergava-se vivo.
Consciência, subconsciência.
Num sonho,
Sentia-se em sua própria pele, ardidamente.
Mas era apenas um jogo.
Vivia por extintos.
Vivia como animal, natural.


Vivia num duelo entre a verdade e a mentira.
Vivia a drogar-se com a vida, com a realidade crua e frustante.
Vivia tão naturalmente.
Vivia sem saber de onde surgiu toda a complexidade de sua mente,
Que o fez parar para ver,
Que vivia apenas por extintos,
Que vivia o impulso que a vida lhe gritava diariamente

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sábado sim Teça feira




Sim era terça feira. Estava conferindo.
Estava reforçando. Ainda era só terça-feira.
O tempo não passa quando se esta eternamente de férias.
O uso das substâncias estranhas ja o faz ver o que não devia.
Vive encontrando cabelos na comida.
Vive ouvindo coisas no jardim.
Mora no setimo andar de um micro-apartamento.
Não tem jardim.
É apenas terça-feira.
Eternamente férias.
Poderia até...
Ser sábado.
Sábado!
Sim,
Terça-feira

domingo, 7 de novembro de 2010

Adalgisa Adelaide dos Reis





Adalgisa Adelaide dos Reis.
Nasceu em cinco de outubro de 86.
Era a irmã do meio, de altura mediana, cabelos claros, cara insossa.
Jeito quieto insosso, tolo.
Quase não se mexia, por assim dizer, Adalgisa Adelaide dos Reis.
Ao completar oito anos descobriu que em dias frios de inverno poderia esticar as roubas embaixo dos lençóis. Descobriu que podia dormir sobre o uniforme escolar e se vestir pela manhã sem sair da cama.
Adalgisa Adelaide dos Reis.
Gisa. Ou às vezes Ada.
Aos 11 anos descobriu que realmente não gostava de se mexer.
E não queria se mexer.
Seu jeito insosso, estranho e pálido a condenou a viver eternamente hibernando.
Adalgisa Adelaide dos Reis.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Eu nunca pensei poder ir contra minhas vontades por vontade própria.
É só que parece imutavel a confiança em seu próprio ser;
como aquele que não traí e não contradiz.

Parecemos ter certezas em nós, lá bem no fundo - ou às vezes bem na flor da pele ardendo as vistas de quem passa. E no fundo do nosso ser parece viver um outro "eu", disposto a eternamente nos fazer companhia, disposto a eternamente contradizer ou colocar em questão o que quer que tenhamos como idéia, pedaço de idéia, certeza, dúvida.

Não podemos nos forçar a fazer alguma coisa. Apenas concorda-se em agir de tal forma. Aceita-se e é feito. E dói saber que é mentira que 'fomos forçados a fazer' ou que 'me forcei a fazer'. Porque não podemos nos forçar. Podemos apenas aceitar ou não aceitar.

Aceita-se a condição, segue-se a condição. Nega-se e tenta mudar.

Uma pessoa não se fere - indo contra seu próprio ser - porque foi forçada a isso. Uma pessoa se fere por ter dialogado com seu ser e visto que isso era o certo a se fazer. Ponto.