
Era estranho. O ar, o som. As pessoas tem uma mentalidade tão privada que o silêncio é ainda maior que o esperado. Uma educação que faz com que você se sinta mal até do que ainda não pensou em fazer de errado. Um jeito de se portar. Um jeito de se vestir. Um jeito de falar. Isso me faz lembrar as ruas. Grandes e largas, com arvores, enormes e velhas, folhas verdes da nova estação. Aquele sol tentando aquecer, aquele vento gélido esfriando e descabelando. Pessoas à vontade aos seus afazeres, passando pela mesma rua de sempre no seu dia-a-dia. Lojinhas com pequenas coisas que atraem os olhos como se eu voltasse a ser criança. Cartazes piscando, anúncios chamando. Teatros, musicais, comidas, descontos. Prédios, placas, carros. Táxis, ônibus. Janelas grandes, portas coloridas.Eentradas de pequenos prédios perfeitamente arrumados. Flores e jardins mais vivos que nunca. Praças com suas fontes eternamente a jorrar enquanto crianças e velhos se divertem. uns levam o cachorro, outros sentam no banco para tomar um café e ler os jornais. "Não se preocupe que nada faltará. Não vá embora! Por favor, fique para sempre! Fique! Fique!" Era como se me chamasse! Se eu estivesse sozinha, totalmente, assim seria. Apenas vendo, sem saber se estava vivendo. E seria por muito tempo. Pois falar com aquele povo parecia inviável. Fora da capacidade do que eu entendia por ser humano! E pode parecer um papo de outro mundo, mas foi o que eu senti por lá. Uma solidão, um isolamento. Parecia que não se preencheria nunca. Acho que nem vai. Ou eu que não me encaixei. Não me deixei encaixar... Não me entreguei à tentação... Calorosos foram os dias com amigos novos que se era possível fazer, vindos como eu, de outros lugares distantes. Mas e quanto aquele frio em saber que talvez nunca iremos nos ver novamente? No fundo pode ter sido tudo como sonho. Brilhante e iluminado, bonito e tão real. Por um momento. Tudo tão perfeito e colorido, tão perfeito e alegre, tão perfeito e calmo! Nada para dar errado! E no fundo, aquilo que você queria ter por perto ao acordar, se foi junto com o vento gelado... Foi uma janela que deixei aberta para sonhar...
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