
Carpinteiro, de mãos em calos grossos, talha seu amor em cada tábua. Em noites profundas, paira seu olhar sobre o mar escondido pela noite. Apenas pode ouvir o som das ondas. Mas imagina cada detalhe da agitação da areia e do sal. Espera o novo dia para buscar suas tábuas a beira da praia. Imagina com carinho da onde vieram, quem nelas antes tocou. Gosta de sentir o cheiro do iodo que vem com o vento. Cada tábua seria pregada com sutileza em seu farol. E este seria seu castelo para pensar. Escrever sobre o mar, lembrar da solidão. Pensar no amor. Fazer chá e observar as formigas a passearem pelo açúcar. As solitárias que nunca dormem. Assim como ele. Solitário que nunca descansa!